quarta-feira, 11 de junho de 2014

SOU O MEU ESCONDERIJO

Não sei quem me trouxe...
nem quem me deixou andando por aí,
estranho foi... que ninguém me disse por... onde ir,
nem o tamanho do caminho... nem o cansaço do andar,
nem das vezes que ficaria a deriva... sem poder sonhar.
Pouco fiquei sabendo... como espantar os meus fantasmas,
e dissuadir o medo a não mais... me, acompanhar.
Como não descobri... quem inventou a minha vida,
e sem... se sentir no abandono,
vim... edificando-a, em grãos, aos poucos... em pequenos traços.
Nunca consegui fazer do meu destino... um esboço,
e isso vem... desde menino... desde moço,
e na descoberta, viver, foi-me... quase um súbito clarão,
um relâmpago... antes do vendaval, e tudo foi efêmero, espectral,
e tudo me pareceu, fugaz como uma aparição.
E depois de todas as surras... que a existência... me, deu,
não pude mais perder tempo... com nenhum temporal,
e a todos enfrentei... encharquei-me de incertezas,
até que... parei com as perguntas... não quis saber das respostas,
maravilhei-me com alguns, me enojei de muitos... passei a ser eu.
Vim... reformando-me, e a maior revolução que fiz,
foi a polidez no sonho, a coragem para ser feliz,
óbvio foi... que tive que abandonar alguns paradigmas,
desacreditar das coisas prontas, e das dúvidas em fim,
e na alma só permitir o que era natural.
E hoje... sou o meu esconderijo, virei platéia de mim.
Não sou o mesmo todos os dias,
bom... é que estou sempre em mutação,
nada aqui dentro é definitivo, nunca... aqui não existe,
aqui tudo é factível... e a toda intempérie...aqui se resiste,
além... da perspectiva de lidar com  a solidão.
A única coisa que sei... que me deixaram aqui:
Vazio... sozinho... indeciso... quase na escuridão.
Mas resiliente... fui me formatando,
colocando intensidade... gosto no existir.
E quando vi o tamanho do vazio no peito,
ali abasteci... de sentimentos... inundei-me de amor,
e tenho estoque até partir.
E quando me vi sozinho... meio que perdido... sem caminho,
saí enlouquecido... atrás de um colo para deitar,
e um ombro... em carinho para ofertar.
Mas, quando indeciso... não sabia, aonde ir,
corri para dentro... para dentro da minha alma,
- um lugar onde eu possa... me, construir.
Hoje, já não me pergunto... quem sou?... ou o que sucedeu?.
Quem me trouxe?... ou quem me levará?.
- Como sou uma obra em construção.
E quem conduz esta alma... sou eu.
Sigo em frente... em silêncio... sem muita aflição.
Ari Mota



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