domingo, 23 de junho de 2013

O DESPERTAR DE UMA ALMA REVOLUCIONÁRIA


“Quando... a dúvida chega me roubando à lucidez,
eu me espelho na natureza... ali tudo se renova... “segue.”


Acordei assustado...
Visionário, sempre sonhei com isso... mais parecia uma alucinação.
Na minha calçada encontrei uma alma revolucionária, que despertava.
Tinha um cartaz “os idealizadores da revolução estão aqui... na rua.”
Olhei em volta e ele não estava sozinho, era uma multidão.
E emergindo de um ostracismo de gerações,
havia os que bradavam, outros perplexos, outros passavam,
e a maioria... docemente cantavam suas canções.
Estavam reinventando o improvável... eram lideres de si mesmo.
Chegaram dilacerando a inércia, sufocando a indolência,
e tudo brotava da alma, vinha de dentro, de dentro do peito,
em resiliência,
nascia da quietude de quem nunca teve o direito de indignar,
e era uma força imperceptível, agregadora, pura adesão,
de quem absteve do grito, da prerrogativa de nunca participar.
Chegaram assim... descomprometido sem nada dimensionar,
reinventando a revolução.
Mas... de tudo... a maior beleza era a mudança interior.
Uma reforma descomunal... de atitude, postura,
e importunados com a ausência de apreço,
com a desonra de não ser ninguém,
e cansados com os discursos vazios, insurgiram...
ávidos para encontrar outros paradigmas, um novo horizonte,
outras verdades e conviver com mais brandura.
Foram para as ruas sem medo, sem segredo.
Chegaram para mudar...  redesenhar uma outra perspectiva,
não é possível sonhar sem ação... sem sair na rua, pisar no chão.
Fica impossível falar sem fazer, ou esperar tudo acontecer,
e não desdenhar quem coisifica as pessoas e o nosso sonho.
Mas... de tudo... o que fica...
É o grito do silêncio, o grito de uma revolta pacifica.
E eles... pediram-me, ”por favor,”:
Se você esta chegando agora... dê-nos um tempo, estamos em reforma,
se não tiver outra coisa a fazer... vem conosco.
Vamos ter que reler toda a história... para fazer e escrever a nossa,
com mais amor.


Ari Mota

terça-feira, 18 de junho de 2013

"ISSO NUNCA PASSA"

Às vezes, me devoro com os olhos...
Olho-me... com estranheza, espanto imerecido,
questiono o imprevisto, o que de súbito caiu como uma tempestade,
e encharca a alma, e despenca em lágrimas... face abaixo,
abrindo um vazio, um buraco, uma imensa cavidade.
Às vezes, avidamente me contemplo...
Olho-me... com beleza e pasmo... feliz... estou embevecido.
Danço em alegria, conto estrelas... faço poesia,
e em noites de silêncio, agarro a minha alma e ela em mim,
e nós, nos aquecemos em madrugadas de calafrio.
Outra hora... vejo-me assim... tomado de sofreguidão,
e depois... um contentamento me abraça em êxtase,
e sutilmente vem abater a minha aflição.
Mais pareço... metades:
Sou inquietude e calmaria... noite e dia,
celebro o afortuno, e depois me calo em frente... a agonia.
Às vezes me encaro... em busca dos meus limites, do que sou,
como não consigo encontrar coerência no meu existir,
provoco os meus acertos e desafio os meus erros,
desabo ali... levanto em seguida, e assim, sucessivamente... eu vou.
Não quero saber quem inventou a distancia, nem o tempo,
não quero saber quem criou a incerteza, nem a dúvida,
tão pouco necessito conhecer quem trouxe a alegria e a dor,
só sei que tudo é fugaz como uma ventania,
hora... o destino me diminui, outras vezes me permite recompor.
E tudo vem... às vezes como um temporal sem fim.
Traz desventura, amargura, depois... riso e destemor.
Outras vezes instala como um posseiro e não sai de mim.
Só sei que... isso também passa...
Some o desassossego, desfalece a inquietação,
e a alegria vence a solidão.
Aí eu... tento outra vez... sonho de novo,
a vida não vai morrer comigo... tudo é uma doce continuação,
minha dor só serve para mim, minha alegria... espalho... por aí,
e para os outros... deixo a elegância do meu riso,
mas, sei que isso também passa...
mas se preciso,
deixo o que jamais desprende da minha alma,
e “isso nunca passa”...
o meu amor.


Ari mota

sábado, 8 de junho de 2013

INSISTO TANTO...

Insisto tanto,
que... uma gota de alegria... converto em temporal,
e saio dançando na chuva, como se fosse a última dança,
a última paixão, o último desejo, o último suspiro de ânimo,
sem o lamento do depois, nem o medo do inusitado,
do inesperado, que me aborda... olha-me,
de forma espectral.
Insisto tanto,
que... um passo que dou... é todo o meu caminhar,
só me resta ir... minha alma me arrasta,
puxa-me, aviva os meus sonhos,
instiga os meus vôos, incita os embates,
e não me abandona na solidão dos combates,
nem me faz desistir ou voltar.
Insisto tanto,
que... um segundo de tempo... inda é, uma vida a desfrutar,
inda posso em contemplação... ver as estrelas,
a sutileza de um olhar, a leveza de um sorriso,
e se preciso um abraço em devaneio,
e no meio... um beijo de improviso,
e tudo ainda... mudar.
Insisto tanto,
que... vou seguindo sem destino, sem nada interromper.
Tudo, nada mais é que... uma continuação, nem inicio... nem fim,
nem certo... nem errado, o que fica são... só as escolhas.
Então... ando armazenando coisas boas aqui dentro,
no fundo da alma, na vastidão de mim,
e tenho vivido assim...
As coisas ruins... as ventanias levam em noites de tempestades,
o tempo... as esconde, ou quando não... calejam o existir,
e sem me agredir... tudo se desfaz na imensidão das verdades,
sem provocar... sem querer.
Insisto tanto,
que... a minha vida vai se revelando, descortinando,
vou me avistando tão pequeno, tão grande,
na descoberta...
vi... que minhas lagrimas tem o sabor do mar,
o meu vazio... o tamanho e a lonjura do horizonte,
a minha incerteza... é idêntica ao dia de amanhã,
e minhas dúvidas são parecidas com os mistérios da existência.
Eu vou é continuar insistindo... sem temor.
Só vou chorar... de frente para o azul da minha alma.
Para os meus vazios... vou ocupar de perspectivas.
Para as minhas incertezas... vou colorir com todas as manhãs.
E com as minhas dúvidas... vou segredar com o meu riso,
vou fabricar alegria... todos os dias,
e insistir no amor.

Ari Mota